Jesus pensou na Kéfera

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Tenho certeza que Kéfera seria uma daquelas pessoas que Jesus chamaria para uma longa e tranquila caminhada, regada à conversa, desabafo e aconselhamento. Ele a convidaria para tomar um café no fim do dia e ali, ao redor da mesa, lhe contaria que muitos de seus irmãos deturpam Sua imagem, e aquilo que dizem não passa de uma miragem da cabeça humana.

Jesus não se importaria de mostrar as chagas nas mãos e a marca da lança na costela, e ainda diria a ela, com voz sublime e tranquila: meus irmãos acham que não, mas essas marcas também são por você.

Você provavelmente assistiu ao vídeo da Kéfera que gerou toda essa polêmica, certo? A internet parou por muitos dias pra falar disso e, claro, para que os cristãos 100% certinhos, dignos de serem chamados de arcanjos, pudessem emitir opiniões a respeito, que se alternaram entre pedidos de morte e de justiça da parte de Deus. Morte? Sim, morte. É bastante bizarro pensar que palavras de maldição saíram de pessoas que deveriam refletir um pouco de Cristo aqui na terra, mas aconteceu.

Quando assisti ao vídeo, confesso que fiquei assustada, mas não extremamente ofendida, mutilada, sentenciada como a maioria. Se alguém ofende o seu Pai, você obviamente procurará a forma mais equivalente possível para revidar, certo? Certo. Mas quando estamos falando do nosso Pai Celestial, se nós O aceitamos e escolhemos viver de acordo com aquilo que Ele sente, pensa e faz, o “troco” tem que dar lugar à compaixão.

Eu não conheço a vida espiritual da Kéfera, mas você sabe por que ela disse tudo aquilo, usando aquele termo e aquele desrespeito? Porque muitos cristãos que conviveram e convivem com ela optaram pela omissão. Algum cristão, ou alguns cristãos, desligaram suas lâmpadas para passar por ela na Avenida Paulista e não se preocuparam com o que lhe aconteceria. Se você se ofendeu com o que ela disse, beleza! Eu me ofendo muito mais por saber que muitos cristãos podem ter passado por ela sem ter se importado com a diferença que poderiam fazer ao agirem como Cristo agiu. E me ofende saber que isso se repete diariamente, com pessoas “famosas” e anônimas, o tempo inteiro.

Hoje, depois de toda essa repercussão, a imagem que ela tem a respeito de Deus não é nem um pouco compatível com a pessoa que Ele é. E de quem é a culpa? Com certeza não é dEle.

Se você serve a Deus, se você O conhece, O ama e procura segui-Lo, discursos de ódio não cabem na pessoa que Ele quer moldar em você. Quanto mais você vomitar nas redes sociais um sentimento que vem da sua carne, rotulando-o como o pensamento que Cristo teria, mais distantes as pessoas ficarão de quem Ele realmente é.

Ela faltou com respeito? Sim. Não só a Deus, mas também aos seus filhos. Mas isso não te dá o direito de pedir pela morte da Kéfera, proferindo palavras absurdas de maldição e rancor, como se os ensinamentos de Jesus sobre amor e perdão nunca tivessem passado por você.

Você sabe o que Cristo sente pela Kéfera? Amor. Isso pode soar impossível pra você, já que estamos acostumados a um amor limitado e cheio de condicionantes, mas Ele, sendo Deus, a ama incondicionalmente, e isso independe daquilo que ela faz e fala. Foi nela que Ele pensou enquanto era transpassado por uma lança. Foi nela que Ele pensou ao ser chicoteado e colocado numa cruz. Na verdade, em você também. Ambos pecadores. Então o que te difere dela? Somos pecadores, mas, se aceitamos Jesus, nos tornamos perdoados. Porém, ser perdoado não te dá o direito de proferir ofensas, mas te coloca no dever de agir como Cristo.

Se esse perdão não alcança outras pessoas, tem algo errado.

Deveria ofender o corpo de Cristo ver que o divórcio cresceu 160% em dez anos; que mais da metade da população brasileira ainda não conheceu a Deus como Ele realmente é; que, das 50 cidades mais violentas do mundo, 21 estão no Brasil. Me ofende saber que pessoas estão morrendo sem Cristo – e isso põe em cheque a minha vivência com Ele. Me ofende saber que a Kéfera pode ser uma dessas pessoas um dia e, quando tivemos a oportunidade, jogamos pedras ao invés de estendermos os braços pra dizer “há lugar pra você aqui”.

Na minha caminhada cristã, tive muitos motivos pra questionar Deus – e o fiz. O auge da minha adolescência foi também o auge da minha rebeldia espiritual, afinal de contas, precisava saber se Deus realmente existia. Agi de forma errada, falei o que vinha na minha cabeça, mas Ele continuou me amando e, por incrível que pareça, o perdão foi maior do que qualquer sinal de “vingança” da parte do meu Pai.

Deus não alimenta sentimentos destrutivos porque não há espaço nEle para isso.

O Aba foi compassivo com você e comigo, e não apenas uma vez. Tá, eu sei, o que ela disse foi horrível, foi desrespeitoso, foi blasfemo. Mas pare de clamar por justiça se você pode clamar por misericórdia. Sabe por que? Porque um dia alguém orou por você pedindo justamente isso a Deus: misericórdia. Kéfera também tem em mãos a oportunidade de alcançar a benevolência do amor de Deus – e, se você é seguidor de Cristo, cabe a você (e a mim) levá-la até Ele.

Mude seu discurso. Olhe-a com os olhos de Jesus. Reveja as suas atitudes e lembre-se que, naquela cruz, Jesus também pensou nela. O sangue derramado também foi por ela. Os pecados perdoados também eram dela. O pulsar do coração de Jesus era pela Kéfera. Por você e por mim também.

Jesus é acessível. Jesus é amoroso. Jesus é perdoador. Pare de querer pintar nEle uma imagem de ditador que Ele não possui. E pare de imprimir em Jesus as suas considerações mesquinhas e umbiguistas como se fossem as dEle.

Você é seguidor de Jesus? Então aja como Ele agiria.

E eu te garanto: discursos de ódio e morte gratuitos não fazem o estilo dEle. 

3 comentários sobre “Jesus pensou na Kéfera

  1. Que texto maravilhoso. Seria bom que todos os que a ofenderam e se denominam cristãos lessem para buscar a essência do cristianismo: se parecer com Cristo. Amei demais. Que Ele continue te usando para escrever as palavras certas e tocar o coração de seus filhos.

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