Nesses últimos meses eu senti medo. Mas veja, eu não sentia simplesmente medo, eu sentia um medo que escorria pelos olhos quase sempre. Eu vi, finalmente, a vida adulta batendo na porta para me chamar à responsabilidade; e eu a atendia ali, sendo a mesma menina que havia aportado há uns meses, sem saber o que fazer com a versão “adultizada” de mim mesma. Não tive muita escolha: eu tive que crescer. Foi um crescimento que começou num cubículo dentro do peito e foi expandindo – e você sabe, toda expansão gera dor.
O meu medo tinha (e tem) nome: futuro. Pensar na proximidade do fim da graduação e nas responsabilidades típicas de um adulto responsável me paravam. Eu simplesmente não sabia o que fazer com aquilo tudo que eu tinha em mãos – eu as tinha e isso era tudo. Ninguém havia me dito o que fazer com aquilo. Não havia manual de instruções. Todas as pessoas ao meu redor sabiam lidar muito bem com aquilo, mas ninguém tinha a coragem de me dizer como fazer, já que havia chegado a minha vez.